sábado, 17 de outubro de 2015

Técnico russo cobra investimento na base para a ginástica artística brasileira

O caminho para transformar a ginástica artística brasileira em potência olímpica passa pela Rússia. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) foram até lá buscar um dos mais respeitados técnicos do mundo, Alexander Alexandrov, que tem em seu currículo nada menos do que 15 medalhas olímpicas, das quais seis de ouro. Treinador da seleção feminina desde 2013, ele diz que o time atual evoluiu bastante, mas alerta para um problema que se espalha por outras modalidades olímpicas: falta trabalho e estrutura para a base.
Alexandrov embarcou para a Europa com o restante da delegação brasileira na última terça-feira. Lá, a equipe está terminando a preparação para o Mundial de Glasgow, na Escócia. A competição será disputada na semana que vem e garante oito vagas para os Jogos do Rio-2016.
Na última segunda-feira, o técnico comandou a última atividade no Rio. A seleção treinou no CT Time Brasil, inaugurado no ano passado. "Este ginásio é ótimo para desenvolver a coordenação, mas temos de fazer mais espaços como esse", comentou Alexandrov.
A falta de estrutura e de investimento na base são apontados pelo treinador como principal obstáculo. "A gente tem de focar na base, nas crianças. É preciso construir centros e motivá-las. Só assim que a ginástica vai crescer realmente".
O diagnóstico é baseado no exemplo de outros países, sobretudo os europeus. "A maioria dos países de ponta possui uma equipe de juniores. É ela que, quando cresce, substitui a principal", disse o técnico. E antes mesmo de o Brasil garantir a vaga por equipes nos Jogos do Rio, ele já demonstrou preocupação com a seleção que brigará por classificação para a Olimpíada de Tóquio, em 2020. "Tem de começar a resolver isso agora".
A questão da formação de atletas foi um dos problemas que Alexandrov se deparou quando chegou ao Brasil. "Tive de ir até o básico da ginástica com essas meninas, mesmo elas já sendo atletas de equipe principal", comentou. "Foram questões de base, técnicas e coreográficas".
Outro empecilho é a falta de professores. "Meu objetivo principal é passar tudo o que eu já vivi no esporte para os treinadores brasileiros. Agora depende de aparecer novos treinadores, porque ter apenas três ou quatro no País é muito pouco".
Apesar disso, ele elogia o nível da equipe feminina e aposta no potencial. "As brasileiras têm desenvoltura e estrutura física", avaliou. "Nesses dois anos a ginástica subiu muito para o Brasil. Todos estão fazendo um bom trabalho".

6 comentários:

  1. Andrea, bom dia!

    Venho observando a alguns anos as apresentações dos ginastas japoneses e chineses no masculino, e notei que eles têm uma característica muito forte de fazer as chegadas com o tronco muito baixo, não só no Solo mas também em outros aparelhos, como argolas, paralelas. Por serem referências no esporte, gostaria de saber se tal característica é uma técnica utilizada por eles para evitar desequilíbrio, e se sim, qual a postura da arbitragem em relação a essa técnica? É despontuado independentemente da técnica utilizada? Obrigado


    Att, Thomas

    ResponderExcluir
  2. Sim, na aterrissagem quanto mais próximo do solo estiver o centro de gravidade (nos homens próximo à cintura) maior é o equilíbrio. Existe um limite de tolerância no código que se for ultrapassado tem um desconto que pode variar entre 0,1 e 0,3 conforme o caso. Abços

    ResponderExcluir
  3. Andrea, em primeiro lugar não posso deixar de lhe dizer que para mim você é a melhor comentarista esportiva desse país. Sempre tão sóbria, tão ética e tão competente nos comentários. Então, desde de Daiane que venho acompanhando a ginástica, tanto a masculina, quanto a feminina, confesso que sempre me decepciono, mas não deixo de torcer nunca! Eu não consigo ver uma melhora tão grande no time do Brasil, principalmente no feminino - o masculino está com uma evolução excelente -. A gente ouve muito falar da falta de investimento, mas eu não acho que seja só isso. Eu acredito que parte dos problemas está nos atletas. Anos após anos o Brasil vem apresentando séries tão fracas. No feminino é raro ver uma nota acima de 15.000. Eu vejo os Estados Unidos, eu sou consciente da diferença de investimento, mas a nota de partida delas é altíssima. Elas arriscam as séries mais difíceis. Eu sinceramente acho as brasileiras muito limitadas, inseguras, sem muita coragem de arriscar. Nunca vejo adicionarem dificuldades de fato nas séries dele e assim não dá. Daniele Hipólito está a tanto tempo na ginástica e não sai dos 14.000, isso quando consegue. Eu fico muito triste porque torço muito por elas. Acho que tá na hora de motivar essas meninas a arriscarem, a querer serem as melhores e não só de ir cumprir papel de amadoras. Ainda bem que temos Flávia e Rebeca, que tem tudo para serem medalhistas, mas si se atreverem a arriscar mais, treinar mais e aumentar as dificuldades de suas séries

    ResponderExcluir
  4. Pedro, muito obrigada pelo elogio. Já falamos sobre isso aqui no blog. O sucesso na ginástica depende de muitos fatores que não é só investimento. Você está correto. Todos esses fatores devem estar elencados no que chamamos de SISTEMA DE PREPARAÇÃO A LONGO PRAZO. Antes de continuar respondendo, eu gostaria de curiosamente de te perguntar, o que você acha que seria isso? Tem alguma ideia? Não se preocupe em responder certo ou errado, só me dê uma noção do que você pensa. Aguardo. bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Então, concordo com você quanto ao SISTEMA DE PREPARAÇÃO A LONGO PRAZO e incluo o meu ponto de vista acerca do que acho que atrapalha os nosso atletas, não só da ginástica, mas os atletas de uma forma geral. Primeiro não acho que adiante muito só treinar, treinar e treinar, sem ter antes um propósito, um planejamento e uma referência sólida. Se só treinar a longo prazo fosse sinônimo de sucesso, muitos de nosso atletas já deveriam estar com uma medalha olímpica no peito, mas infelizmente não conseguem, mesmo treinando há tantos anos. Para mim, o povo brasileiro tem um defeito/qualidade de ordem cultural: ser emotivo demais e ser emotivo em excesso se torna negativo - portanto um defeito - quando a emoção influencia diretamente na falta de autoconfiança - no sentido do eu quero, eu posso - . E eu acredito que um atleta campeão – olímpico e mundial – precisa ter o equilíbrio psicológico muito bom e muita autoconfiança também. Uma vez autoconfiante, um atleta terá segurança e determinação para acreditar que ele é capaz, capaz de sair de sua zona de conforto e tentar o mais difícil, o quase impossível. Romper barreiras e tentar alcançar a excelência. É isso que falta! AUTOCONFIANÇA e DETERMINAÇÃO. Mas como ajudar nossos atletas a alcançá-la? Estimulando-os, fazendo-os acreditar que eles tem plena capacidade de, com muito esforço, estar entre os melhores e banir aquele contentamento com o amadorismo e aguçar a vontade de ser protagonista. Fico entristecido quando vejo um atleta partindo para uma competição com o discurso: “o importante é competir”, “o importante é estar entres os 20, os 15, os 10 primeiros”. Difícil vermos um que diga “quero estar entre os medalhistas”. Gostaria de ouvir “o importante é competir, mas competir com garra para estar entres os 3 primeiros, porque treinei duro para isso e sei que tenho condições de estar lá”. A gente vê muito nas entrevistas dizerem: “nossa equipe treinou bastante, foram anos de acompanhamento com o melhor técnico do mundo”. Mas então por que elas não saem dos 14.000 pontos? Por que elas não dificultam suas séries para chegar em notas superiores a 15.000 pontos? Será que é porque elas não podem? Porque é difícil demais? Não, elas podem sim! Bastar querer, basta acreditar e, sobre tudo, ARRISCAR, TENTAR, OUSAR, TREINAR DURO. Este é o propósito, treinar para ser o campeão. Errar faz parte e se errar no dia D, parabéns, você estará errando o mais difícil e se acertar, parabéns, você tem chance de ser um vencedor e ter seu nome lembrado na história olímpica. Eu sei que não é simples assim, mas não é impossível. Só acho que a saída é tentar, acreditar. Mostrar pra elas – nossas meninas - que se as americanas podem, elas podem também. Se as americanas podem realizar e acertar um salto com 6.5 de dificuldade, as brasileiras terão capacidade de conseguir também. Basta tentar, basta arriscar. Gostaria muito que nossa equipe parasse de se contentar com tão pouco e ousasse mais. Claro que posso ter comentando um monte de bobagem no ponto de vista de quem é envolvido com a questão e conhece, de fato, as verdadeiras dificuldades. Sou um mero expectador, mas desconfio que na questão motivacional, o Brasil ainda peca muito. Um grande abraço, adoro você!

      Excluir
  5. Legal Pedro, é por aí mesmo. Veja, você misturou um pouquinho o SISTEMA DE PREPARAÇÃO A LONGO PRAZO, com TREINAR A LONGO PRAZO. O Sistema de Preparação significa planejamento para obter resultados a longo prazo. Preservando a integridade dos atletas. Nem todos vão continuar por tanto tempo, mas espera-se que aqueles que passem por todo esse preparo sejam aqueles com maior potencial de ser bem sucedido. Como você disse para que treinar 10, 15 anos e morrer na praia? Afinal existe aí investimento da familia, do atleta, do técnico, dos dirigentes, do patrocinador, enfim, não justifica tanto investimento para nada. É frustrante e decepcionante para todos. Neste planejamento deve estar uma boa seleção de atletas, uma boa preparação da base, respeitando os limites de idade e potencial de cada atleta. Outra coisa que você está mas misturou também um pouquinho são as características psicológicas necessárias para o atleta de alto rendimento. A confiança é apenas uma delas. A determinação é uma característica pessoal e está muito relacionada à motivação. Isto também pode ser trabalhado por um bom psicólogo. Enfim a preparação psicológica feita por um BOM profissional é fundamental. Só pra finalizar, as americanas podem, mas penso que as brasileiras são muito talentosas. Agora não dá para comparar a economia americana com a do Brasil. Pode parecer que não mas uma economia que vai bem tem um impacto direto nas condições de preparação dos atletas. Sua ansiedade de ver o Brasil bater de frente com os EUA é a minha também, só que nesse caso não é só querer é poder. Grande abraço e obrigada por me dar seu ponto de vista. Bj

    ResponderExcluir